A ISO é uma entidade não governamental, formada por mais de 160 países, com sede na Suíça. É responsável pela padronização de normas internacionais podendo ser implementada em organizações de qualquer tipo e porte. Dentre as normas publicadas está a ISO 45001 que está em sua primeira edição e tem como principal objetivo auxiliar as empresas a identificar e gerenciar seus perigos e riscos, proporcionando locais de trabalho seguros e saudáveis, prevenindo lesões e problemas de saúde relacionados ao trabalho.
Para obter o certificado da ISO a empresa deve atender aos requisitos estabelecidos pela norma e as legislações de saúde e segurança aplicáveis, bem como outros requisitos subscritos e os procedimentos estabelecidos pela própria organização. Posteriormente deverá ser contratado um organismo certificador acreditado para conduzir auditoria com foco no levantamento das conformidades do seu sistema de gestão e, ao final da auditoria, a empresa recebe a recomendação à certificação ISO e posteriormente o certificado com validade de 3 anos, com verificações periódicas, do seu sistema de gestão ambiental.
Os benefícios são múltiplos com a implementação e certificação da ISO 45001, podendo destacar a redução de sansões penais pelos órgãos competentes, acessos a novos mercados, melhoria da imagem da empresa, redução de acidentes e doenças correlacionadas e promoção da conscientização dentro e fora da organização. É preciso levar em consideração, porém, que implementar um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SGSSO) nas organizações não uma tarefa fácil principalmente levando em consideração a resistência as mudanças e a falta de conhecimento dos colaboradores que nem sempre entendem o que é um SGSSO.
Esses e outros fatores acabam contribuindo para que existem diversos erros no sistema. Com base nisso, apresentaremos a seguir 7 dos principais erros cometidos pelas organizações durante o processo de implementação e manutenção da norma ABNT ISO 45001:2018.
1º Erro – Falta de Definição de Responsabilidades e Autoridades
Definir que a responsabilidade e autoridade do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional é somente do engenheiro ou técnico de segurança do trabalho, não assegurando o envolvimento de outras áreas na elaboração e manutenção do SGSSO. Essa definição parte da Alta Direção ou do Gestor que muitas vezes não dá a devida importância para um sistema de gestão eficaz, minimizando assim as oportunidades de melhoria e disponibilização de recursos.
2º Erro – Culpar Pessoas
Culpar pessoas pelas não conformidades identificadas em auditorias de primeira, segunda e/ou terceira parte ou até em situações rotineiras e não rotineiras, sem ao menos realizar uma análise detalhada da causa e aprender com os erros encontrados de modo que não se repitam no futuro evitando custos desnecessários, retrabalhos e atraso no processo de certificação.
3º Erro – Falta de Cumprimento das Legislações
Não cumprir as legislações de saúde e segurança no âmbito municipal, estadual e federal, por achar que os requisitos são burocráticos, de alto custo de atendimento, que não há fiscalizações de forma efetiva e principalmente por achar que os concorrentes não cumprem os requisitos legais.
4º Erro – Excesso de Indicadores
Definir indicadores e metas em excesso que não refletem o desempenho SSO pretendido e nem são compatíveis com a política de saúde e segurança, direcionamento estratégico e contexto da organização.
5º Erro – Falta de Conscientização
Não trabalhar continuamente a conscientização em relação aos perigos e riscos com todos os trabalhadores contratados e terceiros que atuam em nome da organização. A falta de entendimento dos profissionais sobre o SGSSO pode acarretar inúmeras não conformidades, retrabalhos, acidentes com ou sem afastamentos, passivos trabalhistas e custos não planejados.
6º Erro – Falta de Planejamento da Auditoria Interna
Realizar auditoria interna muito próxima das datas de auditoria de certificação ou de manutenção do sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional, não tendo tempo hábil para tratativa das não conformidades e recomendações mencionadas no relatório de auditoria, podendo comprometer o resultado da certificação ou manutenção do SGSSO.
7º Erro – Burocratizar o Sistema de Gestão
Excesso de procedimentos, ou documentos que contenham informações em duplicidades, podem engessar e amarrar o sistema de gestão, de modo a não enxergar novas oportunidades de melhoria e criar uma resistência entre os setores por considerar a norma como burocrática.
Com isso, podemos concluir que, entre os aspectos de maior relevância para garantir o sucesso da implementação e/ou manutenção do SGSSO, está a alocação de tempo e recursos dos setores envolvidos no processo de certificação. Esse fator é determinante para que a implantação seja realizada com êxito e, portanto, é essencial que os profissionais estejam engajados e executem as atividades requeridas dentro dos prazos previstos. Além disso, também é de suma importância manter avaliações periódicas durante a implementação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional de modo a identificar os erros previamente apresentados e outros que possam surgir, com o intuito de não comprometer o andamento e o resultado do projeto.
Autor
Leandro Bianchini
Especialista em Sistema de Gestão Integrado pelo SENAC.
Engenheiro Ambiental pela Faculdade de Americana.
Sócio das empresas Destra Consultoria e Immunize System.
